domingo, 5 de março de 2017

MOTE PARA UM MARTELO

Estrofes criadas a partir de um desafio proposto pelo escritor e professor Arturo Gouveia. Ele propôs o mote e eu tentei escrever algo.




SEM TALENTO NENHUM PARA IMPROVISO, 
PELO MENOS ESCREVO MEU MARTELO

Certamente careço de talento
Decassílabo pode ser cruel.
Sobretudo ao pelejar com tropel
De poetas com versos opulentos...
O cearense, porém, é impingento.
Silencioso não é nem um farelo, 
Vocação nunca teve pra Carmelo, 
Prepondera sua fama de ser liso: 
Sem talento nenhum para improviso, 
Pelo menos escrevo meu martelo. 

Competir me mete medo profundo, 
Mas cearense não foge do combate. 
Resistente, ele nunca se abate,
Devagar ele vai traçando o mundo.
Se entristece, alegre está num segundo, 
Escrever não vai ser nenhum flagelo. 
Apesar de não ser bem o que anelo, 
Pois queria mesmo o verso mais preciso: 
Sem talento nenhum para improviso, 
Pelo menos escrevo meu martelo. 

(Émerson Cardoso – 14/01/16)

quarta-feira, 1 de março de 2017

INVOCAÇÃO À ARTEMISIA

"Jael e Sísara" (1620), de Artemisia Gentileschi


INVOCAÇÃO À ARTEMISIA

Artemisia Gentileschi,
Empresta-me tuas espadas.
Dá-me as armas que almejo:
Cravos, martelos, punhais,
Todas as cores em lâminas...

Artemisia Gentileschi,
Quero das cinzas de hoje
As cores e seus fantasmas.
Colhi, na queda de hoje,
Pungentes pedras e abismo.

O que ocorreu, Artemisia? 
Mil palavras proferidas,
Cem mil tons para um grito:
Cada sílaba mil pregos,
Cada nota mil mordidas!

(Émerson Cardoso)

01/03/2017