terça-feira, 15 de julho de 2014

IMAGENS

Roupas nos varais acenam,
Pedras, vento, solidão

Cenários austeros passam
Sem qualquer coloração

Choram que choram os seixos
Sentindo-se repisados

Na estrada altivo um cruzeiro
Verte sombra desolado

Olha-me o cinza vestido
Da moça de mãos tristonhas

De semblante ressentido
Por ter vida tão medonha

Para trás fica o cenário
Com sua gente desolada

Um bendito devotado
Guia o caminhão na estrada

Choram que choram as horas
Deslizando pelo caminho

Tendo ao lado tanta gente
Por que me sinto sozinho?

Choro com as horas choro
Sentindo-me triste e só

Cada passo um grito novo
Solidão que ri sem dó...



DECEPÇÃO

Algumas pessoas decidem por si
Tantas dores para os outros...

Trôpegos como bêbados
Trazem em si discernimento algum

Decidem pela iminente tragédia
(Hamartia anunciada pelos conselhos muitos)...

Falta espaço para a racionalidade, 
Ou de ingenuidade se firma o caráter?

Pobreza de espírito, 
Ou imaturidade que desliza em rios de ilusão?

Triste de quem não sabe ser gratidão
Aos que deram mão e abrigo e vida...

Mas, neste mundo que gira, 
Muito arrependimento pode personificar-se...

E tarde-demais poderá ser um longo grito
Que banha de arrependimento os que decidem sem reflexão:

Ilusão!
Ilusão!

19/07/14

ODE INCONFORMADA PARA JUAZEIRO DO NORTE



Ó cidade dos romeiros
Que à mercê da própria sorte
Debulha preces sentidas:
Quem te dará proteção
Contra facínoras, crápulas,
Que te roubam vorazmente
Eleição pós eleição?

Ó cidade atormentada
Pela falta de respeito
De monstruosos políticos:
Quem brigará por tuas lutas
Quem te dará novos homens
Que resguardem teus valores
E que tenham gestos dignos?

Ó cidade inconformada
De trânsito insuportável
E precária infraestrutura:
Quem te vê que não deseja
Novos rumos, novas eras,
Renovação dos teus bairros,
A segurança nas ruas?

Ó cidade sobranceira
De nordestinas sapiências
E de imponente memória:
Quem salvará do abandono
Teus recantos e riquezas?
Esqueceram-se de ti
Desprezaram tua história...


Queria limpar-te as feridas
Lavar teus olhos chorosos
Verter abraços queria
Sobre ti, cidade minha!

Queria salvar-te, Juazeiro,
Dar-te futuro honroso
Abrir-te as mãos com preclaras
Aconchegar-te em meu peito...

Ó cidade resistente,
Tenho pouco para dar-te:
Meus versos inconformados
São um presente simplório...

Mas os entrego, saudoso,
E espero ver-te, quem sabe,
Assistida e refulgente
A vestir novas roupagens!

(Émerson Cardoso)
15/07/14