DIMANCHE DE CAMOMILLE...
sábado, 29 de fevereiro de 2020
QUANDO FLORESCEM OS IPÊS
Andávamos na mudança do século
em três caminhos de ladeira e vida:
e a infância ia embora aos poucos.
Permanência ou fuga? Que futuro à espreita?
Cratera de medos e incertezas brincavam
dentro de nós com mudez perplexa.
Um reencontro de almas em tempo ingênuo,
o mundo era paisagem de ipês tristonhos
e passarela alegre de melancolia e grito.
Um vento estranho nos despediu com aceno
de nunca-mais que nos fez redoer o rosto:
quem somos, hoje, no olhar que erguemos?
Ipês florescem em lembranças tantas
que as mãos se erguem, mesmo distantes,
pedindo reencontro de amizade e vida.
Parece o tempo folhagem mórbida
que exige de quem o teme menos silêncio
e floradas novas de alegria infinda.
em três caminhos de ladeira e vida:
e a infância ia embora aos poucos.
Permanência ou fuga? Que futuro à espreita?
Cratera de medos e incertezas brincavam
dentro de nós com mudez perplexa.
Um reencontro de almas em tempo ingênuo,
o mundo era paisagem de ipês tristonhos
e passarela alegre de melancolia e grito.
Um vento estranho nos despediu com aceno
de nunca-mais que nos fez redoer o rosto:
quem somos, hoje, no olhar que erguemos?
Ipês florescem em lembranças tantas
que as mãos se erguem, mesmo distantes,
pedindo reencontro de amizade e vida.
Parece o tempo folhagem mórbida
que exige de quem o teme menos silêncio
e floradas novas de alegria infinda.
Émerson Cardoso
29/02/2020
quinta-feira, 3 de outubro de 2019
PROMESSA DE BOM FUTURO A QUATRO MÃOS
Sábado de prata
Xilograva amizade
Em banco de praça.
O tempo, que a tudo apaga,
Demorará muito
A atirar adagas?
E a distância, amarga,
Erguerá quantos punhais
Com adeus que esmaga?
Em banco de praça,
Muitos fizeram promessas
Que a existência embarga.
Na vida, o que se propaga
É tempo de para-sempre
Que a amizade arrasta.
E a manhã, que a tudo afaga,
Derrama gotas de chá
Em sentidas águas.
Émerson Cardoso
20/01/2019 – 22/08/2019
DESOBEDECENDO A RILKE (ou notas sobre o amor ausente)
Foi dispersão ou medo?
Brinquedo em quantas fugas?
Virar do rosto quando deveria olhar?
Em cada passo apressado passeei dormente
À espera de sinais que nunca chegaram:
Percebi só a superfície do meu olhar sem chão.
Você ainda vê o amor
Quando ele, invisível, se pavoneia ausente?
É tempo de amar, apesar do abismo?
Solidão sem trégua se abre para meu corpo-medo.
Vixe! Mas o que é isto?
Há um verde nascendo em meu olhar sem prece.
Émerson Cardoso
03/10/2019
segunda-feira, 21 de janeiro de 2019
quinta-feira, 17 de janeiro de 2019
A CASA DO SÍTIO
À sombra de um tamboril,
Com flores eleitas no terreiro,
E porta aberta com mesa do santo à
mostra,
Sorria de taipa a casa, com verde na
cor e entreaberta janela.
Rústica escada de pedras,
Portas com duplas aberturas,
Pomar convidativo à espera
E vozes estridentes a confundirem-se cotidianas.
De fora, o vento a desejava
Com sedentas e cobiçosas mãos.
O tempo foi mais forte do
que o vento
E a atacou de dentro dos cômodos
com crueldade explícita.
As janelas cerraram,
As portas despediram-se,
O verde ruiu nas paredes e flores
E as vozes, depois do pranto,
silenciaram.
Émerson Cardoso
17/01/2019
sexta-feira, 15 de setembro de 2017
IDEOLOGIA DA BLINDADA OSTRA
Perdi-me
em fugas pouco planejadas
E,
em ostra blindada,
Recostei
minha cabeça.
Medo
de quedas não prenunciadas,
De
inquebrantáveis farpas,
De
afetos felizes.
Para
não fazer tour no Gólgota,
Para
não festejar em Auschwitz,
Nem
dançar com ilegítimos governos,
Imergi
na ostra que, blindada,
Mastiga-me
carnes e ossos
Enquanto
idealizo gestos que não sei concretizar.
Émerson
Cardoso
28/07/17
Assinar:
Postagens (Atom)