quarta-feira, 10 de maio de 2017

DAS PÚSTULAS DO AMOR (ou do que não existe e fere)

Amor, traga a mortalha que me acariciará a pele.
É já momento para que eu me dispa de mim
E triturado seja por teus dentes de marfim e ácido.
Teus estreitos dedos, amor, perfurarão meus olhos,
Mas, na jornada entre a esperança e o túmulo,
Carregarei perfurações de sal e abnegação de urtiga,
Com punho erguido e respiração possível.

Amor, dos vermes que me espreitam a carne,
Compreensão-que-busco-sem-sucesso-sempre,
Tu és, certamente, o mais benéfico:
Em ti repouso à espera de putrefação e caos.

(Émerson Cardoso - 07/05/2017 - 09h28min)



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