Amor, traga a
mortalha que me acariciará a pele.
É já momento
para que eu me dispa de mim
E triturado seja
por teus dentes de marfim e ácido.
Teus estreitos
dedos, amor, perfurarão meus olhos,
Mas, na jornada
entre a esperança e o túmulo,
Carregarei
perfurações de sal e abnegação de urtiga,
Com punho
erguido e respiração possível.
Amor, dos vermes
que me espreitam a carne,
Compreensão-que-busco-sem-sucesso-sempre,
Tu és,
certamente, o mais benéfico:
Em ti repouso à
espera de putrefação e caos.
(Émerson Cardoso
- 07/05/2017 - 09h28min)
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