Ao longe um barco
Feria as águas
Comigo dentro.
Não pude compreender:
Como eu poderia estar
Naquele barco e aqui ao longe?
Deslizante barco
Nas oscilantes águas
Vai deslizando.
Comovido com minha ida
Acenei para mim mesmo
Com pressas de vento.
E como numa fuga planejada
Eu por entre as águas
Meus olhos vendo...
Cinzentas lágrimas
Atormentadas
Com mil lamentos.
O barco foi mais forte
Sequer olhou
Para mim ao longe.
E eu descia,
Como quem sorria,
Para austeras sombras.
No barco resguardado,
Silenciei depressa
Sem qualquer pesar.
O barco insone
Feria as águas
Buscando distâncias.
E eu caí do chão
Para o silêncio mórbido
De quem na cova entra.
Vertendo olhos,
Sobre as águas vãs
Realizando fuga...
Eu e Eu fugimos:
Cá na terra a culpa,
Nas águas, adeus!
Émerson Cardoso
(12/10/07)
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