Choram janelas
semiabertas
Plantas purpúreas
choram
Sombras das
árvores fremem
Choram nuvens
alterosas
Teus pés
dolentes choram
Choram flores
repisadas
Sussurra o vento
e chora
Por tuas mãos aprisionadas
Logo à frente a morte
Passeio último
que assombra
Teu sangue um
verso pressente
Chora por ti a Espanha
Que metáforas
desenham
Teus olhos vendados?
Imagens poéticas
te vêm
Quando te assombra a lua?
Uma velha cigana
corre
Segura-te no
colo e chora
Cavalos austeros galopam
Gemendo por tuas fráguas
Mas o destino te
fustiga:
Perecerá teu corpo inocente!
A cigana velha
grita
Vermelho vestido
ao vento
O passeio
prossegue:
Coração
confrangido
Pedregulhos
pisados
Amortalhado silêncio...
Canções ciganas
ecoam
Janelas teu
corpo espreitam
A Espanha
lamenta
A Andaluzia um filho perde...
Palavras
aprisionadas
Penetram em
pesadas armas
Prateado grito
produzindo farpas
Preparadas
apontadas palavras
Por fogo
perpassada
A alma sentida
sozinha cala
Despe a solidão o
tempo insano
Em que vala teu corpo
reinará?
A Espanha é uma Pietá desesperada
Caronte o aceita de abertos braços
E a velha cigana
grita e geme
Correndo enlouquecida
Janelas flores nuvens
Pedregulhos sombras mágoas
Cavalos armas murmúrios
Prisões sepulcros mortalhas
Teu corpo tombou
pungido
Avermelhando de
poesia a terra
Mártir andaluz,
morremos todos:
Teu coração é nossa sepultura!
Émerson Cardoso
(02/09/13)
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