Não
para ti, violino,
Não nasci para ti,
Nem
para mim nasceste.
Apenas
verto anseios direcionados
Aos
que roubam de ti dores melódicas.
Desço aos lastros da contemplação
E
deslizo em ti com perfurantes olhos.
Solitário, rasgo cortinas mórbidas
O
tempo entre o não te ter e o desejar.
Tuas singelezas despem minha veste cinza
E
imerso em trevas ouço tua voz ao longe.
Longínqua voz e invasivo som
Sussurras sombrio dançando no vento.
Tuas carícias me invadem os sentidos
E desço serpenteante ao chão sem pouso.
Maledicente abres em mim ferinas fráguas,
Porque és sádico.
Quem
dera fosses de minha alma a fuga.
Quem
dera amasses de minhas mãos o gesto.
Ó,
violino, quem está mais triste
Tuas plangentes cordas ou meu devassado olhar?
Émerson Cardoso
12/02/15