Hoje me vi
Sentado numa calçada
Lendo em voz alta
Poemas de García Lorca.
Manhã de sábado
À sombra de um jambeiro
Entrecortado pelas imagens
De carros e árvores.
Sentado no paralelepípedo
De uma calçada anônima
Sozinho na capital da Paraíba
Me deixei ficar.
Mochila ao lado,
Óculos corrigindo a vista...
Um lastro de felicidade me sorriu
Na manhã que me devassava.
Então ser feliz é isto?
Ser aluno abandonado
À espera de transporte,
Após aula de francês,
Tendo García Lorca em mãos?
Como a compensar dores não cicatrizadas,
Veio o ônibus e me levou obediente
Para o contorno de vida que criei.
Para o contorno de vida que criei.
30/11/14
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