quinta-feira, 10 de novembro de 2016

DOGVILLE (minha versão)

"O Povo", de Eduardo Marinho 


Alicerce, portas, paredes não-mais.

Homens prosseguem abrindo úlceras.
Mulheres revolvem peles com dedos apodrecidos.
Cacos de vidros raspam ossos.

Intransigentes pregos martelados nas unhas.
O baixar dos olhos em cada cuspida. 
Desfile fraterno em tapete de hostilidades.

Sangue e água na refeição dos homens.  

Silêncio apenas – porque guardado o grito.
Qualquer nota exibiria
Meu desejo de engolir músculos cardíacos. 

No chão, meus pés vazios trazem dentes afiados.
Émerson Cardoso
24/09/2016




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